Estás bor-ra-cho!

A narrativa de amor de uma paraguaia com um caubói americano temperada por um Old Fashioned

Por Cristina Ramalho (publicado também no Dringue.com)

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“Vai um dringue?”, pergunta JR Ewing, o patriarca de Dallas

Foi no Paraguai. Eu estava em um cassino dentro do resort de um americano, figurão do tipo caubói. Ele andava pelos corredores, entre as máquinas de caça-níqueis e umas loiras em todos os tons da química, um JR Ewing com chapelão e tudo, saído direto do seriado Dallas. Alto, muito alto. Alguém me soprou no ouvido que a baixinha lá atrás, uma versão mignon de Joan Collins (eu sei, eu sei, Joan era do Dinastia, mas um casal desses ocupa dois seriados) equilibrada sobre plataformas de Carmen Miranda, é a sua esposa. Ela cintila: cílios imensos, roupa de paetês, a cintura apertada. As mãos têm pedras faiscando em todos os dedos, unhas vermelhas de dar medo. Somos apresentadas.

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Mulher sozinha em férias

Uma cantada regada a um bom Pisco Sauer – e muita história para contar para os amigos

Por Cristina Ramalho (publicado também no Dringue.com )

La Main au Collet TO CATCH A THIEF d'AlfredHitchcock avec Cary Grant, Grace Kelly, 1955

Cary Grant, bom de lábia, passa uma cantada em Grace Kelly em Ladrão de Casaca (1955)

Sempre me lembro da história de uma amiga carioca que aproveitou a folga para passar uns dias na Bahia enquanto o marido, com trabalho acumulado, teve de ficar no Rio. Muito bonitinha, ela caminhava pelas areias baianas quando um sujeito do pedaço, malemolente, sem camisa, foi chegando, o olhar pidão, aquele papinho-gentileza-com-a-turista. Ofereceu-se para ser um guia, falou das maravilhas locais, a natureza,” já viu o pôr do sol daqui?” e coisa e tal, até que abriu o sorriso alvo e tascou a cantada: “Moça tão bonita, sozinha, não pode. Com você eu caso!”

Ela agradeceu, explicou que já era casada. “Ôxi, cadê o marido?” “Não pôde vir”. Ele examinou a carioca de alto a baixo e não conteve a frase, o sotaque arrastado: “Mas é muuuita confiança”.

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